Muita gente me escreve perguntando como é estudar na Italia. Por isso, resolvi listar as principais diferenças culturais que encontrei fazendo o master em Milão.
Horário integral
O meu curso
de pós graduação, chamado de master na Itália, era realizado 3 vezes por semana
em horário integral, com uma hora de intervalo para almoço. Muitos outros
cursos de pós graduação têm aula todos os dias em horário integral, o que pode
ser bem corrido e pesado já que, ao final do curso, são realizadas as provas de
todas as matérias que, não têm necessariamente a ver com o conteúdo apresentado
em sala de aula e são baseadas sim em livros que o aluno tem de ler
paralelamente a todas as outras atividades (provas, projetos, estágios, etc). Isso quer dizer que, além do tempo de estudo na universidade, em casa ainda tem mais algumas horinhas de muita dedicação.
Muitas matérias, muitos professores e poucos
alunos
Os
conteúdos são dividios em módulos e
muitos deles duram duas ou três aulas/dias. Depois disso, muda-se o modulo e
mudam-se os professores. Ou seja, quando você está começando a se acostumar com
a pessoa, ela não volta mais à sala de aula. E chega mais novidade.
As turmas, geralmente, têm no máximo 30
alunos. A minha tinha somente 12 (mas que, na Itália, corresponde a 50, pois
todo mundo fala junto, muito e alto. Ahaha!).
Tratamento formal
Professor é
tratado sempre na terceira pessoa. Existe uma diferença bem grande no modo de
tratamento entre aluno e professor e isso exige muita atenção na hora de conjugar
os verbos. Além disso, incluem-se mais “por favor, com licença, com a sua
permissão e me desculpe” como interlocuções. Tudo muito respeitoso e com o devido distanciamento.
Notas
As provas
valem 30, a media é 18 e, se você for muito bem, pode tirar "30 e
lode", que seria o nosso 10 com louvor. Ou seja, você brilhou, parabéns!
Pode sambar!
Exames orais
As provas
finais podem ser escritas e orais. Mas, quase sempre, a oral não falta. No meu
caso, fiz prova oral de TODAS as matérias. Não tive a sorte de nenhum professor
abrir mão dela. Funciona assim: o professor marca o dia e a sala, chama cada
aluno na ordem em que preferir, alfabética ou não, e o aluno tem um tempo
estipulado para desenvolver um argumento baseado nas perguntas do professor
que, por sua vez, faz referencias aos livros recomendados previamente.
A prova é
feita face a face com o professor e, geralmente, com toda a classe como plateia
sentadinha atrás de você. Em uma
palavra? PÂNICO.
Eu nunca
havia feito prova oral na universidade antes. É uma sensação alucinante ter que
assimilar conteúdo, idioma e estabilidade emocional, já que é muito importante
conseguir passar confiança.
Segunda chance, recuperação ou “appello”
Caso o
aluno não consiga a média suficiente para passar (isola, batendo na madeira três vezes, por favor), pode marcar uma segunda
chance nos próximos meses, de acordo com o calendário da universidade. E passar por tudo isso novamente.
Tese
Após as
provas, o aluno prepara uma “tesi”, ou “tesina”. Nada muito grande. A minha foi
de 30 paginas. Cada aluno tem um orientador à disposição, para auxiliar no
desenvolvimento do tema, na disposição dos capítulos e nas eventuais correções.
Acho
importante dizer que se tem de levar em consideração que escrever 30 paginas em
linguagem acadêmica em outra língua é bem diferente de escrever em sua própria
língua. E isso interfere diretamente no tempo de dedicação aos estudos e no
nível de estresse físico e emocional da pessoa.
No final do
curso, faz-se a apresentação final. O aluno fala por 15 minutos, (podendo contar
com um suporte multimídia - videos, slides, etc), e uma banca
examinadora avalia e questiona o trabalho. Mais uma vez, os colegas compõem a plateia,
acompanhados também de seus familiares e amigos.
Estágio obrigatório
O meu curso previa um estágio obrigatório de 3 meses. Na Itália, é difícil encontrar estágios remunerados. Eu tive sorte e fui bem exigente, pois: 1 – por principio, não trabalho grátis, 2 – estava bem longe de casa, pagando aluguel caro e me mantendo sozinha, portanto não podia me dar ao luxo de trabalhar grátis, nem mesmo se quisesse (mas eu não queria! Ahaha!), 3 – queria ter uma experiência realmente legal e coerente à minha área, 4 – não brinco em serviço! Ahaha!
A própria Università Cattolica di Milano oferece auxilio na busca por estágio e tem um setor responsável por isso. Eles tem contatos com as maiores marcas e também com alguns programas de tv, revistas e jornais. O pessoal desse setor oferece suporte na elaboração do currículo, da carta de apresentação e em toda e qualquer orientação vocacional, como já falei em post sobre o estágio que fiz na Ralph Lauren. Para saber mais sobre esse estágio, clica aqui!
Mais alguém passou por uma experiencia parecida e notou diferenças culturais? Conta ai nos comentarios!
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