quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vem, mas vem de peito aberto

Lecco, 2011

Há meses comecei a participar de alguns grupos no Facebook sobre brasileiros na Itália, na Europa, no exterior, etc, e, desde então, tenho observado todas as discussões que aparecem por lá. Tem um pouco de tudo, desde onde comprar couve até pedidos de ajuda, troca de informações, anuncio de aluguel e mais uma infinidade de coisas. Mas o que mais me chamou atenção é que quando compartilho algum post relacionado à Itália, com curiosidades culturais, lugares legais para conhecer ou situações engraçadas que já vivi desde que moro aqui, surge sempre alguém revoltado. Alguém contando experiências ruins, alguém magoado com o jeitinho nada delicado do italiano, alguém que talvez não tenha encontrado aqui o que esperava. Sei bem que a vida não é um mar de rosas e que, em algum momento, é normal que algo dê errado. A minha vida não é perfeita e a sua provavelmente também não é. Mas ao ler esse tipo de comentário, em que tentam rotular a Itália ou os italianos de alguma forma, eu fico profundamente magoada da mesma forma que fico quando alguém reclama do brasileiro ou do Brasil.

Detesto generalizações, mas mais que isso, acho que cada um vê aquilo que quer ver. E toda vez eu pergunto a mim mesma: será que essa pessoa realmente se preparou e se informou para estar aqui? Com que olhos ela está olhando a Itália?

Digo isso porque acho que ter tido um primeiro contato com italianos no Brasil (meus professores de curso) foi essencial. Ali mesmo entendi que alguns comportamentos, não são grosserias, mas simplesmente o jeito deles. E nisso tudo, ser de humanas e ter tido uma base de antropologia só me ajudou a não julgar precipitadamente certos hábitos. O que pode parecer normal para mim, também pode ser estranho aos olhos dos outros. Um exemplo simples é o ato de assoar o nariz em público que, no inicio, me incomodava muito. Mas depois de um tempo, comecei a concordar que mais nojento ainda é fungar, puxando a coriza pra dentro. Uma coisa que, além de nojenta, me deixava com uma baita dor de cabeça, quando estava gripada e repetia o ato várias vezes.

O bidê também era um mito. Algo que eu usava para lavar os pés, uma peça de roupa à mão, encher o balde, mas nunca para a finalidade para a qual foi criado. Mas depois que me rendi, não troco aquela sensação de refrescancia intima por nada, principalmente nos dias do ciclo.

A franqueza italiana também já me contaminou e, embora, como boa mineira que sou, eu ainda tente falar tudo de um jeitinho delicado que amenize certas situações, há momentos em que não tem jeito. Preciso dizer com todas as letras o que quero e o que não quero. Ninguém nunca morreu por isso.

O que que quero dizer é que quando você emigra disposto a entender as diferenças culturais que existem entre povos de outros países, provavelmente você vai aprender e amadurecer muito mais. Todos os nossos costumes fazem muito sentido para nós, mas não quer dizer que sejam "corretos" ou únicos ou que não existam outros tão legais quanto. E de uma coisa eu tenho certeza: tudo vai ser mais divertido, se você se permitir dar uma chance, seja para experimentar novos sabores, pensar de outra maneira ou correr o risco de fazer diferente. O mais difícil, que era sair do paìs e deixar tanta coisa pra trás, já foi feito. Agora falta só sair da caixinha. Garanto que vale a pena.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Meu look: uma bolsa, quatro maneiras de usar

Ja comentei várias vezes por aqui que, em Milão, trabalhava em uma agencia de comunicação, cheia de mentes jovens e criativas. Dias desses, soube que um colega havia uma nova criação e não via a hora de poder compartilhar com vocês.



Trata-se de Akyba, uma bolsa muito versátil, que pode ser usada como mochila, tiracolo, traspassada ou shopper e possui bolsos internos e fivelas que possibilitam seu uso como voce preferir.

O grande diferencial de Akyba é a sua capacidade de se adaptar às necessidades da ocasião. A bolsa é feita em couro genuíno, produzida totalmente por artesãos italianos, e usando o mínimo de costuras.

Suas alças e detalhes em couro são feitos a partir de materiais reciclados de grandes produções. O resultado, obtido em diferentes tiragens, faz com que existam variações de cor e limites de disponibilidade. O que tornam as peças ainda mais exclusivas.

Você pode conferir o site da marca aqui, onde também é possível adquirir a sua.













Vestido: Luva de Pelica
Bolsa: Akyba
Relógio: Timex
E aí, o que acharam?

segunda-feira, 21 de julho de 2014

[Video] Orobianco e Não vou sair assim no Pitti Uomo 86

Vocês se lembram que eu comentei aqui sobre a minha passagem pelo Pitti Uomo a trabalho? Por lá, dei um pequeno depoimento no estande da Orobianco, marca italiana que eu tenho o imenso prazer de colaborar, e o video já esta no ar. Confira:

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Turismando em Budapeste

Uma das cidades européias que mais me surpreendeu até hoje, certamente, foi Budapeste. Dizem que ela é considerada a Paris do Leste Europeu. Mas, sinceramente? Na minha humilde opinião, ela é ainda mais bonita que a capital francesa. Claro que todo o contexto também interferiu para que a impressão fosse tão boa.
Era uma viagem de despedida com uma amiga querida, colega de trabalho, antes que eu me mudasse da Itália (oi, mudei de ideia e já voltei!). Era uma primavera de céu azul e ruas floridas. Eram pessoas educadas e preocupadas com a nossa capacidade de localização. Eram motoristas de ônibus que nos davam informações em inglês. Era tudo muito barato. Eram comidas gostosas e cervejas maravilhosas. Eram jovens curtindo a juventude nos espaços públicos na maior tranquilidade. Eram monumentos por todos os cantos da cidade. Eram carruagens levando turistas apaixonados. Sério, gostei tanto da cidade que cheguei a considerar, mesmo que só por alguns instantes, a ideia de me mudar pra lá. Mas daí reconsiderei tudo, pois achei o húngaro muito complicado de aprender (né Chico?).

"O húngaro é a única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita". 
Chico Buarque


Mas o que mais me marcou mesmo foi a arquitetura imponente da cidade. Tudo extremamente preservado e limpo. Pelas ruas, um silencio quase desconhecido. Gentileza para tudo quanto é canto. E daí, todo e qualquer tipo de contaminação sofrida pelos estereótipos que tentam nos empurrar por aqui, de que “o Leste isso, o Leste aquilo”, foi por agua abaixo. E a minha vontade de desbrava-lo só crescia a cada segundo dessa viagem. O Leste Europeu é simplesmente o máximo. E pobre é você, se pensa o contrario! =P

Primeiro dia
Passamos três dias na cidade e, como chegamos no meio da tarde, no primeiro dia aproveitamos para passear um pouco a pé.
Budapeste é uma cidade que antigamente se dividia em Buda e Peste. Em Buda se localliza o Castelo de Buda, residências e uma grande area verde. E, em Peste, se concentram hotéis, o Parlamento e a maior parte das construções. 

Vista do Rio Danubio, que atravessa a cidade
Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchíd)

Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchíd)
Essa ponte foi construída em 1849, bombardeada durante a segunda guerra mundial e reconstruída depois. Foi a primeira ponte permanente sobre o Danúbio a ligar Buda e Peste, que foram unificadas em 1873.



De noite, saímos andando sem rumo em busca de um lugar para jantar em que pudéssemos experimentar a culinária local. Para a minha surpresa, no menu tinha algo que se chamava Strogonoff. Resolvi arriscar e, apesar de nao ser como o nosso strogonoff, é uma delicia! (é esse segundo prato na imagem acima). De entrada, experimentamos essa sopa de tomates, um pouco picante, que também era muito boa!

Segundo dia
No segundo dia, resolvemos pegar um daqueles ônibus turísticos (vermelhinho de dois andares, que tem em quase toda cidade, sabe?). Eu peguei esse ônibus em Roma, Florença e Budapeste e tenho que confessar que é uma ótima ideia. Isso porque você paga cerca de 20 euros pelo bilhete que vale todo o dia (tem opções para mais dias também) e ele oferece um percurso que passa por todos os pontos turísticos da cidade. A vantagem é que você pode descer e permanecer naquele ponto o quanto quiser e, depois, pegar um outro ônibus da mesma companhia e seguir o percurso. Isso me ajudou a não perder nenhuma atração na cidade e otimizar meu tempo, já que geralmente faço muita coisa a pé. Outra vantagem é poder ouvir o áudio guia (disponível em quase todas as línguas – e em Budapeste tinha até o português – raridade!) e conhecer a historia de cada ponto turístico.

 Vista do alto do Castelo

Castelo de Buda
O Castelo de Buda é o castelo histórico dos reis da Hungria em Budapeste. Foi construído na encosta sul da Colina do Castelo, próximo do velho Bairro do Castelo, conhecido pelas suas casas e edifícios públicos medievais, barrocos e oitocentistas. O castelo está ligado à Praça Adam Clark e à Ponte Széchenyi Lánchíd pelo Funicular da Colina do Castelo. 


O Castelo de Buda foi classificado pela UNESCO, em 1987, como Patrimônio da Humanidade, integrado no sítio Budapeste, com as Margens do Danúbio, o Bairro do Castelo de Buda e a Avenida Andrássy.
 Praça dos Heróis

Praça dos Heróis
A Praça dos Heróis é uma das praças mais importantes e bonitas da cidade. Enorme, rodeada por estátua de personagens da história húngara. No audio-guia do ônibus foi possível conhecer melhor a historia de cada um desses personagens.


  Labirinto

Labirinto
A entrada do labirinto de Budapeste fica meio escondida e passamos por ela sem perceber, mas vale a pena se informar e visita-lo. Ele fica debaixo do Castelo e foi formado pelo atrito das famosas águas termais de Budapeste com as rochas. Esses atritos causaram a erosão que aos poucos foi formando as cavernas. No início do sec. XI foram abertas passagens que as transformou em um labirinto natural.

Os túneis foram usados pelos turcos com fins militares; no século XVII como adega e na segunda guerra como abrigo. Somente após a queda do comunismo o labirinto foi aberto ao público. Ainda assim, apenas 1,5 km de seus 10 km está aberto a visitação. O interior do labirinto é pouco iluminado e, a li dentro, é possível ver algumas obras de arte, o tumulo do Dracula e passar alguns sustos (dependendo do quanto os seus companheiros de viagem forem maus).


Termas Széchenyi 

Termas Széchenyi 
De lá, saímos correndo para as Termas Széchenyi, onde, iríamos encontrar outros colegas de trabalho que, coincidentemente, estavam visitando a cidade naquele mesmo fim de semana (e viva as promoções aéreas! Pro desespero do chefe!).

Széchenyi é o maior  complexo de lazer e tratamento da Europa, e um dos mais chiques de Budapeste. O complexo foi construído em 1913 no estilo neobarroco e é uma das coisas mais tradicionais na cidade.Oferece serviços à parte de spa, banhos e piscinas públicas, tratamentos fisioterápicos e hotel. Além de oferecer também diversos serviços de massagem e de relaxamento para o corpo. As piscinas possuem águas minerais quentes, variando entre 28 a 38 graus de temperatura. Em algumas delas também são adicionados sais naturais, para tratamentos de saúde. Essas águas e sais vem de lençóis d'agua da região de Budapeste, e  são comprovadamente curativos e utilizados para relaxamento.

Fiquei muito feliz de não ter deixado essa atração de lado. A arquitetura do lugar é maravilhosa e, além disso, depois de ter caminhado tanto, não teríamos podido fazer nada melhor que emergir em aguas mornas com hidromassagem e ainda curtir uma sauna enquanto batíamos papo. O melhor disso tudo foi o preço super em conta: apenas 10€.


Saindo das termas, felizes e relaxadas, fomos ao Parque Városigled, uma das principais áreas de lazer de Budapeste, que fica bem ali perto. Lá também dá para ver o Castelo de Vajdahunyad, construído para ilustrar os vários tipos de arquitetura desenvolvidos ao longo da história húngara. É lá que fica a escultura do escritor anônimo, que aparece no filme Budapeste, baseado no livro de Chico Buarque. A estátua representa o autor do Gesta Hungarorun, o primeiro relato escrito da história do povo húngaro, cujo nome é desconhecido.


De noite aproveitamos para curtir a companhia dos amigos que voltariam para Milão naquela noite. Passamos no mercado, compramos cerveja e ficamos batendo papo em uma pracinha até tarde.


Terceiro dia
No terceiro e ultimo dia, havíamos planejado um passeio de barco pelo Danubio para a ver a cidade sob uma outra perspectiva, mas demos o maior azar: o tempo fechou e começou a chover. O calor deu espaço ao frio e ao vento. Mas, de qualquer maneira, mantivemos a programação e encaramos o desafio. E ai tive a certeza que essa cidade é realmente linda. Nem com tempo ruim, perdeu a sua beleza. A vantagem do passeio de barco é poder ver muitos pontos turísticos, sentadinha tomando um chá, curtindo o balanço das águas e escutando a historia de cada monumento. 


Mercado Central
Nosso ultimo ponto turistico, antes de ir embora, foi o Mercado Central. Onde experimentamos outros pratos típicos e garantimos salames pro resto do ano! Ahaha!
Se posso dar uma dica, é essa: nao deixe de experimentar o salame húngaro, um dos mais gostosos que já comi na vida!


Ultima parada: comida típica ao som de musica clássica para nao viajar com fome
Essa foi a primeira vez que viajei com a Wizz Air e só tenho elogios. Econômica, pontual e de qualidade, apesar de ser uma companhia low cost, me surpreendeu

Eu fui embora de Budapeste pensando em voltar e nem sempre isso acontece. Gosto de explorar as cidades que visito de uma maneira que me deixe tranquila a ponto de pensar “tudo bem se eu não estiver mais aqui, pois acho que vi bastante coisa”. Mas em Budapeste a sensação foi outra. Eu quero voltar simplesmente porque é uma cidade linda, onde eu me senti muito bem. E eu gostaria muito de assistir uma opera, na Opera Nacional, visitar o Parlamento por dentro, escutar mais sobre a historia húngara, continuar me deliciando com a culinária local e com as gentilezas dessa gente. E olha, pode ter certeza que o farei em breve.

Alguém aí  já esteve por lá e tem mais alguma dica?

quarta-feira, 16 de julho de 2014

[Micos da Cris] Xixi na universidade

Vida de estrangeira não é fácil. As pessoas falam uma coisa, você entende outra. Você vai ao supermercado comprar uma coisa e acaba não achando nada. Você pede uma informação, a pessoa responde e você continua sem entender. Você quer fazer uma californiana nos cabelos, mas o cabelereiro te faz luzes...
Bom, pensando bem, são inúmeras historias que eu teria para contar e, essa semana, no grupo de brasileiros na Itália, no Facebook, alguém perguntou sobre os micos que já pagamos por aqui. A cada resposta, um ataque de risos. Foi tão divertido conhecer as mancadas de cada um, que resolvi dividir as minhas com vocês, através dessa série.


O primeiro mico foi esse aqui:

Eu tinha acabado de chegar na Italia. Primeiro dia de aula, intervalo das aulas, escola cheia de gente, corredores lotados. Fui fazer meu primeiro xixi na universidade. Procurei a descarga, vi uma cordinha, puxei e o alarme disparou na maior altura. Sai do banheiro assustada, mas fazendo cara de "que foi isso, gente?" "quem foi?" "tem alguém passando mal? Onde?" e tinha segurança correndo pra todo lado! Fiquei com a sensação de que todos sabiam que tinha sido a estrangeira desavisada aqui. Mas, de qualquer maneira, fiz cara de paisagem.

Mais alguém ai viveu algo parecido?

terça-feira, 15 de julho de 2014

Estudar na Itália: Instituto Marangoni em Milão

Dias desses o Instituto Marangoni em Milão organizou um Open Day para apresentar os seus cursos a prováveis novos estudantes. Como eu sempre achei a oferta formativa deles bem legal, resolvi ir até lá conferir.



A escola é uma das mais renomadas no campo da moda e já formou grandes nomes como Moschino, Domenico Dolce e Ronaldo Fraga. Tem sedes em Milão, Paris e Londres.



A sede de Milão fica situada no quadrilátero da moda, no centro da cidade, perto das maiores grifes do mundo como Prada, Chanel, Hermes, Fendi, D&G, Tom Ford, Louis Vuitton, entre muitas outras.



A sede conta com seis andares, salas amplas, computadores e todo o aparato multimedia necessário para as aulas e também para a exposição dos trabalhos.



Conversei com alguns professores que me orientaram e me mostraram as melhores opções de cursos para o meu perfil. Fiquei bem impressionada seja com a estrutura da escola, que com o preparo dos professores.


A escola oferece cursos de graduação, pos graduação e também cursos breves. Os cursos de férias custam, em média, 3.000€, já uma pos graduação 23.500€. Mas se voce que mais informações, pode conferir no site da instituição

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Meu look: de sexta à noite

O titulo diz que é um look usado em uma sexta à noite, mas daí você se depara com esse céu azul logo na primeira foto e toda a minha credibilidade vai por água abaixo.
Calma, eu explico: embora não pareça, já se passavam das oito da noite e o evento (num castelo de uma cidade vizinha) ainda contava com a luz do dia. Isso porque, nesse período do ano, o sol se põe lá pelas dez da noite e os dias duram uma eternidade.  Tratava-se de uma premiação às mulheres que se destacaram na região e o convite pedia um traje escuro. Fiquei na duvida se era uma festa super elegante ou não, ja que a frase não foi tão objetiva. E achei que, como melhor opção, seria estrear esse pretinho básico que não me deixaria errar. E assim foi. Embora tivessem pessoas de vestido longo ou de terno, haviam também outras, com menos pompa. E já que dali, eu segui para um jantar em um restaurante, acho que foi a melhor escolha. Vocês gostaram?







Vestido: H&M
Scarpin: Jey
Bolsa: Mango