Talvez tenha
sido um vicio adquirido com a profissão. A cada dia de trabalho, diante de uma
nova pauta, um assunto desconhecido a ser pesquisado e descoberto, diante de
mais uma folha em branco do Word. Novas pessoas a entrevistar, novas histórias
a ouvir, novos contatos a fazer, novos caminhos a percorrer até se chegar a
mais uma fonte. Como eu gosto do jornalismo, da informação e do direito de, a
cada dia, não saber absolutamente nada sobre um determinado assunto e voltar
para casa cheia de conteúdo novo. Conhecimento que não tem preço, embora me
paguem por ele.
Talvez
tenha sido “culpa” do sonho de viver na Itália, de ter largado tudo para
começar de novo; uma outra língua, novos desafios e me deparar com o mais
absoluto desconhecido. Ao entender como funciona uma nova cidade, outras leis,
outras formas de estudar, trabalhar, paquerar, conversar, cozinhar.
Convivências, caminhos, ruas e paisagens totalmente novos para mim. Expressões,
gírias, costumes... um novo mundo a compreender. Com curiosidade, com paixão e
entusiasmo por um universo fascinante, com o qual eu sonhava ha tempos.
Talvez o
vicio seja mesmo pela sensação de satisfação ao olhar para trás e me dar conta
de tudo o que superei, do quanto eu aprendi e cresci, de todas as coisas que
fiz, dos problemas que resolvi, das vitorias que tive em cada reunião
apresentando um novo projeto ao cliente em outra língua, morrendo de medo por
dentro. A cada discussão que tive para reconhecer os meus direitos como, olha
que novidade era, cidadã italiana. Ou ao ler a minha tese de pós graduação, produzida
ha 4 anos, e perceber que, além de fazer sentido, também foi bem escrita, mesmo
que fossem aqueles os meus primeiros meses de Itália, com o idioma ainda capenga
nas normas formais, com a cabeça a mil em meio a tanta novidade e com o coração
mais que dividido entre dois continentes.
Mas talvez
também seja em decorrência daquele frio na barriga ao ver o Duomo di Milano, ou
ao respirar os ares de Roma, ao ver os campos verdes da Toscana, o outono
amarelinho pelos parques da cidade ou a imagem de qualquer canto da Sardenha,
lugar mais lindo do mundo, que remete às minhas origens e me faz perder as
palavras. Ou pela sensação de desembarcar mais uma vez em uma cidade
desconhecida, pronta a explora-la, a descobri-la e a aproveita-la da maneira
mais intensa possível. Não se trata apenas de belas paisagens, mas de um
conjunto de sensações que só se tem ao se deparar com o novo, com a solidão,
com a vontade de caminhar e de não parar no tempo em um só lugar.
E talvez
por tudo isso eu não tenha encontrado a vida de antes em Belo Horizonte. Talvez
porque a Cristina de antes não esteja mais aqui. E a inquietude, a sede pelo
novo e a inadequação me levam, mais uma vez, de volta ao que eu sempre sonhei,
sem mesmo entender porquê. Hoje, cinco anos depois, eu sei bem os motivos que
me levam de volta e também aqueles que farão voltar a cada vez que a saudade
apertar.
Estou
pronta, mais uma vez, para suprir o vicio de começar de novo. Sabendo, melhor agora do que da primeira
vez, o que todo recomeço comporta. Ninguém nunca me disse que seria fácil, nunca
foi e sei que não será, mas, embora pareça clichê, a vida é uma só, e não estou
disposta a perder noites de sono sem tentar. Eu acredito nos meus sonhos e
estou disposta a pagar pra ver. Que venha, de novo, o novo!
Lindo... Parabéns e sucesso sempre!!
ResponderExcluirEttaaa ferro... cada texto lindo!!!! =)))
ResponderExcluirMooo saudade :)) ciça
Saudade virou meu sobrenome, Biruzinha! Bjao! =)*
Excluir