
Eu estava procurando estágio por conta própria quando, em junho, recebi a vaga de "vestierista" por e-mail do setor de estágios da faculdade. A proposta era trabalhar por 3 meses, de julho a setembro, com 2 semanas de pausa em agosto (jà que quase nada funciona na Itália no mes de férias de verão) com carga horária de 9h por dia. Achei a vaga interessante, principalmente porque seria um estágio remunerado, o que é muito raro por aqui, mas ja fui pensando na concorrência com as patricinhas da minha sala. Elas que dominam o idioma, que sabem se expressar sem dificuldade, que entendem mais de moda do que eu... Tinha certeza que as encontraria là e nao deu outra! Cheguei na entrevista e, depois de mim, chegaram mais 3 meninas da minha sala.
A entrevistadora reuniu nós 4 mais uma outra candidata para conversar, explicou o trabalho, a carga horária, a remuneração e eu ali travada por estar falando na frente delas, morrendo de medo de falar alguma bobagem, de me embolar com o italiano, de me sair mal de alguma maneira.
Mas pra minha grata surpresa a entrevistadora avisou que a segunda parte da entrevista seria individual e em ordem de chegada, ou seja, a primeira seria eu. Ótimo porque, naquele dia, eu ainda ia trabalhar em um disco-pub de garçonete, com os bicos que andava fazendo desde fevereiro.
Quando ficamos só nós duas na sala dei o meu melhor, falei tudo direitinho e procurei me mostrar bem disposta a trabalhar. Sò fui me dar conta de que marca se tratava quando, no caminho de casa, jà no metro, comecei a ler as orientações sobre o trabalho que seria realizado. Dias depois ela me chamou para a vaga, chamou também mais uma colega de sala e a outra candidata. Mas não chamou as patricinhas inexperientes. :P

E foi assim que fui parar no Showroom da Ralph Lauren, onde trabalho hoje, um palácio maravilhoso e enorme no centro de Milão. E esse trabalho, consiste basicamente em arrumar as salas com as coleções da Ralph Lauren para que as vendedoras possam apresentar os produtos aos clientes, que são proprietários de lojas que revendem a marca... Então eu dobro roupas, penduro, acho o que as vendedoras querem, levo até elas, pego de volta, dobro, penduro... e tenho que saber todos os zilhões de códigos, a disposição das cores, o nome das coleções e onde elas estao, onde elas deveriam estar e onde elas podem estar. Ajudar os modelos a se vestirem para desfilarem para os clientes. Tudo com rapidez e compreensão do idioma... levei algumas patadas de vendedoras, levei alguns toques de colegas e alguns elogios de outros, mas sei que ainda estou meio fora da coisa toda... essa é a parte chata de ser estrangeiro: voce encontra muitas situações em que está "fora da coisa toda"... nesse caso, acho que não é tanto pelo fato de ser estrangeira, mas talvez pelo trabalho ser estranho pra mim... no sentido de que é bem diferente de tudo que eu estava acostumada a trabalhar (comunicação, comunicação e jornalismo).
Mas a parte boa é que, com essa experiencia, estou tendo a oportunidade de conhecer o universo da moda de perto e vive-lo dia-a-dia trabalhando para uma das maiores marcas. Não é o trabalho mais divertido do mundo, mas é o início! :)