sexta-feira, 18 de julho de 2014

Turismando em Budapeste

Uma das cidades européias que mais me surpreendeu até hoje, certamente, foi Budapeste. Dizem que ela é considerada a Paris do Leste Europeu. Mas, sinceramente? Na minha humilde opinião, ela é ainda mais bonita que a capital francesa. Claro que todo o contexto também interferiu para que a impressão fosse tão boa.
Era uma viagem de despedida com uma amiga querida, colega de trabalho, antes que eu me mudasse da Itália (oi, mudei de ideia e já voltei!). Era uma primavera de céu azul e ruas floridas. Eram pessoas educadas e preocupadas com a nossa capacidade de localização. Eram motoristas de ônibus que nos davam informações em inglês. Era tudo muito barato. Eram comidas gostosas e cervejas maravilhosas. Eram jovens curtindo a juventude nos espaços públicos na maior tranquilidade. Eram monumentos por todos os cantos da cidade. Eram carruagens levando turistas apaixonados. Sério, gostei tanto da cidade que cheguei a considerar, mesmo que só por alguns instantes, a ideia de me mudar pra lá. Mas daí reconsiderei tudo, pois achei o húngaro muito complicado de aprender (né Chico?).

"O húngaro é a única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita". 
Chico Buarque


Mas o que mais me marcou mesmo foi a arquitetura imponente da cidade. Tudo extremamente preservado e limpo. Pelas ruas, um silencio quase desconhecido. Gentileza para tudo quanto é canto. E daí, todo e qualquer tipo de contaminação sofrida pelos estereótipos que tentam nos empurrar por aqui, de que “o Leste isso, o Leste aquilo”, foi por agua abaixo. E a minha vontade de desbrava-lo só crescia a cada segundo dessa viagem. O Leste Europeu é simplesmente o máximo. E pobre é você, se pensa o contrario! =P

Primeiro dia
Passamos três dias na cidade e, como chegamos no meio da tarde, no primeiro dia aproveitamos para passear um pouco a pé.
Budapeste é uma cidade que antigamente se dividia em Buda e Peste. Em Buda se localliza o Castelo de Buda, residências e uma grande area verde. E, em Peste, se concentram hotéis, o Parlamento e a maior parte das construções. 

Vista do Rio Danubio, que atravessa a cidade
Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchíd)

Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchíd)
Essa ponte foi construída em 1849, bombardeada durante a segunda guerra mundial e reconstruída depois. Foi a primeira ponte permanente sobre o Danúbio a ligar Buda e Peste, que foram unificadas em 1873.



De noite, saímos andando sem rumo em busca de um lugar para jantar em que pudéssemos experimentar a culinária local. Para a minha surpresa, no menu tinha algo que se chamava Strogonoff. Resolvi arriscar e, apesar de nao ser como o nosso strogonoff, é uma delicia! (é esse segundo prato na imagem acima). De entrada, experimentamos essa sopa de tomates, um pouco picante, que também era muito boa!

Segundo dia
No segundo dia, resolvemos pegar um daqueles ônibus turísticos (vermelhinho de dois andares, que tem em quase toda cidade, sabe?). Eu peguei esse ônibus em Roma, Florença e Budapeste e tenho que confessar que é uma ótima ideia. Isso porque você paga cerca de 20 euros pelo bilhete que vale todo o dia (tem opções para mais dias também) e ele oferece um percurso que passa por todos os pontos turísticos da cidade. A vantagem é que você pode descer e permanecer naquele ponto o quanto quiser e, depois, pegar um outro ônibus da mesma companhia e seguir o percurso. Isso me ajudou a não perder nenhuma atração na cidade e otimizar meu tempo, já que geralmente faço muita coisa a pé. Outra vantagem é poder ouvir o áudio guia (disponível em quase todas as línguas – e em Budapeste tinha até o português – raridade!) e conhecer a historia de cada ponto turístico.

 Vista do alto do Castelo

Castelo de Buda
O Castelo de Buda é o castelo histórico dos reis da Hungria em Budapeste. Foi construído na encosta sul da Colina do Castelo, próximo do velho Bairro do Castelo, conhecido pelas suas casas e edifícios públicos medievais, barrocos e oitocentistas. O castelo está ligado à Praça Adam Clark e à Ponte Széchenyi Lánchíd pelo Funicular da Colina do Castelo. 


O Castelo de Buda foi classificado pela UNESCO, em 1987, como Patrimônio da Humanidade, integrado no sítio Budapeste, com as Margens do Danúbio, o Bairro do Castelo de Buda e a Avenida Andrássy.
 Praça dos Heróis

Praça dos Heróis
A Praça dos Heróis é uma das praças mais importantes e bonitas da cidade. Enorme, rodeada por estátua de personagens da história húngara. No audio-guia do ônibus foi possível conhecer melhor a historia de cada um desses personagens.


  Labirinto

Labirinto
A entrada do labirinto de Budapeste fica meio escondida e passamos por ela sem perceber, mas vale a pena se informar e visita-lo. Ele fica debaixo do Castelo e foi formado pelo atrito das famosas águas termais de Budapeste com as rochas. Esses atritos causaram a erosão que aos poucos foi formando as cavernas. No início do sec. XI foram abertas passagens que as transformou em um labirinto natural.

Os túneis foram usados pelos turcos com fins militares; no século XVII como adega e na segunda guerra como abrigo. Somente após a queda do comunismo o labirinto foi aberto ao público. Ainda assim, apenas 1,5 km de seus 10 km está aberto a visitação. O interior do labirinto é pouco iluminado e, a li dentro, é possível ver algumas obras de arte, o tumulo do Dracula e passar alguns sustos (dependendo do quanto os seus companheiros de viagem forem maus).


Termas Széchenyi 

Termas Széchenyi 
De lá, saímos correndo para as Termas Széchenyi, onde, iríamos encontrar outros colegas de trabalho que, coincidentemente, estavam visitando a cidade naquele mesmo fim de semana (e viva as promoções aéreas! Pro desespero do chefe!).

Széchenyi é o maior  complexo de lazer e tratamento da Europa, e um dos mais chiques de Budapeste. O complexo foi construído em 1913 no estilo neobarroco e é uma das coisas mais tradicionais na cidade.Oferece serviços à parte de spa, banhos e piscinas públicas, tratamentos fisioterápicos e hotel. Além de oferecer também diversos serviços de massagem e de relaxamento para o corpo. As piscinas possuem águas minerais quentes, variando entre 28 a 38 graus de temperatura. Em algumas delas também são adicionados sais naturais, para tratamentos de saúde. Essas águas e sais vem de lençóis d'agua da região de Budapeste, e  são comprovadamente curativos e utilizados para relaxamento.

Fiquei muito feliz de não ter deixado essa atração de lado. A arquitetura do lugar é maravilhosa e, além disso, depois de ter caminhado tanto, não teríamos podido fazer nada melhor que emergir em aguas mornas com hidromassagem e ainda curtir uma sauna enquanto batíamos papo. O melhor disso tudo foi o preço super em conta: apenas 10€.


Saindo das termas, felizes e relaxadas, fomos ao Parque Városigled, uma das principais áreas de lazer de Budapeste, que fica bem ali perto. Lá também dá para ver o Castelo de Vajdahunyad, construído para ilustrar os vários tipos de arquitetura desenvolvidos ao longo da história húngara. É lá que fica a escultura do escritor anônimo, que aparece no filme Budapeste, baseado no livro de Chico Buarque. A estátua representa o autor do Gesta Hungarorun, o primeiro relato escrito da história do povo húngaro, cujo nome é desconhecido.


De noite aproveitamos para curtir a companhia dos amigos que voltariam para Milão naquela noite. Passamos no mercado, compramos cerveja e ficamos batendo papo em uma pracinha até tarde.


Terceiro dia
No terceiro e ultimo dia, havíamos planejado um passeio de barco pelo Danubio para a ver a cidade sob uma outra perspectiva, mas demos o maior azar: o tempo fechou e começou a chover. O calor deu espaço ao frio e ao vento. Mas, de qualquer maneira, mantivemos a programação e encaramos o desafio. E ai tive a certeza que essa cidade é realmente linda. Nem com tempo ruim, perdeu a sua beleza. A vantagem do passeio de barco é poder ver muitos pontos turísticos, sentadinha tomando um chá, curtindo o balanço das águas e escutando a historia de cada monumento. 


Mercado Central
Nosso ultimo ponto turistico, antes de ir embora, foi o Mercado Central. Onde experimentamos outros pratos típicos e garantimos salames pro resto do ano! Ahaha!
Se posso dar uma dica, é essa: nao deixe de experimentar o salame húngaro, um dos mais gostosos que já comi na vida!


Ultima parada: comida típica ao som de musica clássica para nao viajar com fome
Essa foi a primeira vez que viajei com a Wizz Air e só tenho elogios. Econômica, pontual e de qualidade, apesar de ser uma companhia low cost, me surpreendeu

Eu fui embora de Budapeste pensando em voltar e nem sempre isso acontece. Gosto de explorar as cidades que visito de uma maneira que me deixe tranquila a ponto de pensar “tudo bem se eu não estiver mais aqui, pois acho que vi bastante coisa”. Mas em Budapeste a sensação foi outra. Eu quero voltar simplesmente porque é uma cidade linda, onde eu me senti muito bem. E eu gostaria muito de assistir uma opera, na Opera Nacional, visitar o Parlamento por dentro, escutar mais sobre a historia húngara, continuar me deliciando com a culinária local e com as gentilezas dessa gente. E olha, pode ter certeza que o farei em breve.

Alguém aí  já esteve por lá e tem mais alguma dica?

4 comentários:

  1. http://www.pgabor.com/wp-content/uploads/2010/05/Anonymus.jpg
    Esta é a escultura do Gost Writer, do livro/filme Budapeste.

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